SÉCULO XIX - AS MALTAS E A REPÚBLICA

Um ano após a chegada de D. João VI no Brasil, criou-se a Secretaria de Polícia e foi organizada a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia em 13 de maio de 1809, sendo nomeado para sua chefia o major Miguel Nunes Vidigal, perseguidor implacável dos candomblés, das rodas de samba e especialmente dos capoeiras.

Após 1820, são cada vez mais constantes as reclamações sobre vadiação, malandragem e brigas envolvendo capoeiras por todas as capitais do Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, Salvador e Recife, com isso a repressão ficava cada vez mais intensa, assim como as punições.

Mas nem assim as ocorrências diminuíam, pelo contrário, eram cada vez mais numerosos e temidos os capoeiras que se reuniam em bandos, que passaram a ser conhecidos como “maltas”, compostas principalmente de negros e mulatos, alguns brancos também se faziam presentes. Essas maltas passaram a ser conhecidas conforme sua localidade, malta da Freguesia de Santana, malta da Gloria, malta da Lapa, malta de São Francisco, malta de São José e etc.


Os capoeiras das maltas introduziram o uso da bengala e da navalha em suas lutas, a navalha era utilizada posicionada entre os dedos dos pés, ou presa a um cordão, sendo esta técnica conhecida como navalha voadora. Isso intensificou as ocorrências de agressão e mortes nos confrontos entre as maltas.

Não sabemos ao certo, quando o berimbau foi introduzido na capoeira, porém em 1826, o francês Debret retratou o tocador de berimbau. Nessa época o berimbau foi muito utilizado para disfarçar o jogo da capoeira em dança e alertar a chegada do esquadrão de cavalaria da polícia que se aproximava, simulando no toque o trote dos cavalos.

O primeiro registro gráfico do jogo da capoeira aconteceu por volta de 1830, quando o alemão Rugendas, em viagem ao Brasil para a montagem do livro Voyage Pittoresque et Historique dans le Brésil, retrata o jogo de capoeira, em sua gravura Jogar capoeira ou Danse de la guerre, essa é a mais antiga reprodução gráfica do jogo da capoeira que se tem conhecimento.

Devido à violência e à criminalidade, as maltas e os capoeiras foram duramente reprimidos no Rio de Janeiro. Apesar dos capoeiras terem um papel heroico na Revolta dos Mercenários em 1828 e na Guerra do Paraguai na década de 1860.

Paralelo a isso, a região Sul do Brasil passou a empregar cada vez mais trabalhadores assalariados brasileiros e imigrantes estrangeiros, a partir de 1870. Na região Norte, as usinas produtoras de açúcar substituíram os primitivos engenhos, fato que possibilitou o uso de um número menor de escravos. Já nos principais centros urbanos, era grande a necessidade do surgimento de indústrias, porém, visando não causar prejuízo financeiro aos proprietários rurais.

A primeira etapa do processo foi tomada em 1850, com a extinção do tráfico de escravos no Brasil. Vinte e um anos mais tarde, em de 28 de setembro de 1871, foi promulgada a Lei do Ventre-Livre. Esta lei tornava livres os filhos de escravos que nascessem a partir da decretação da lei.

No ano de 1885, foi promulgada a lei Saraiva-Cotegipe (também conhecida como Lei dos Sexagenários) que beneficiava os negros com mais de 65 anos de idade.

Foi somente em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, que a liberdade total e definitiva finalmente foi alcançada pelos negros brasileiros. Esta lei, assinada pela Princesa Isabel (filha de D. Pedro II), abolia de vez a escravidão no Brasil.

A Proclamação da República em 15 de novembro de 1889 ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca, destituiu o imperador D. Pedro II no país.

Governo Republicano continuou a política de repressão à capoeira do período Imperial, deportando os capoeiras considerados criminosos para o Arquipélago de Fernando de Noronha. No ano seguinte, editou o Decreto nº 847 de 11 de outubro de 1890, criminalizando a prática da capoeira.

No período da Proclamação da República as duas grandes maltas eram: os Nagoas e os Guaiamús.

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