No dia 21 de outubro de 2018, estivemos no evento do Mestre Coelho, da Associação de Capoeira Nativos da Serra, em Nova Friburgo – RJ. Este evento é realizado no Colégio Estadual Prof. Jamil El-Jaick (CEJE), um colégio público aonde o Mestre é Professor de Educação Física a muitos anos.

A chegada lá é sempre um momento de reencontros, aonde vemos muitos amigos e aproveitamos a mesa de café da manhã disposta aos convidados para nos deliciarmos e para colocar o papo em dia antes do início do evento.

Início este que tem sempre um “esquenta” como o Mestre gosta de dizer, para despertar de vez a todos que estão ali, agitando e carregando uma boa energia para a roda que vai começar.

Apesar de o colégio CEJE ter uma ótima quadra de esportes, o Mestre gosta de realizar seu evento no pátio do colégio, um lugar central que se tornou uma tradição em seu evento, seja por aproximar mais as pessoas ou pela acústica que o local “mais fechado que a quadra” proporciona, o que posso dizer apenas, é que isso é uma ótima combinação para vibrações positivas.

Com a roda aberta, os capoeiristas começam a se soltar, pois todos querem vadiar “como se diz na gíria da capoeira”, pois o capoeirista está ali para brincar e fazer um bom jogo, conseguir aquela entrada ou uma saída cheia de efeito, aplicar aquele golpe ou rasteira precisa, mas nada disso precisa ser à base de violência, mas sim, de técnica, simplicidade e astúcia, pois como dizia Mestre Pastinha “para bater, o capoeirista não precisa acertar” é a beleza de uma boa roda é justamente isso, ver a mistura de técnicas distintas de todos os capoeiristas na roda que compões assim o conjunto da arte capoeira!

Seja você uma criança, adolescente ou adulto, se é capoeirista e tem uma roda, todos querem participar, e assim, após um período só com os mais velhos, foi à vez das crianças aproveitarem para jogar com os mais velhos e também entre elas.

Quando o Mestre parou a roda para apresentar os convidados, todos já haviam entrado pelo menos uma vez na roda. E assim, ele apresentou os Mestres, os Contramestres e os Professores que foram prestigiar seu evento. E em seguida apresentou os alunos mais graduados da família Nativos da Serra e seus Mestres: Mestre Caroço, Mestre Canabrava e o próprio Mestre Coelho.

Com as devidas apresentações, o Mestre Coelho fez questão de ressaltar um equivoco que ele disse ter cometido ao deixar passar despercebido no cartaz e na camisa do evento a participação da Monitora Cobrinha na organização do evento, sendo ela que aos sábados realiza um trabalho voluntário com a turminha mirim, que iria naquele momento dar início ao batizado e troca de graduação do evento.

Assim ela chamou os pequeninos para o centro da roda e começou a fazer uma movimentação com eles, demonstrando suas habilidades. Em seguida o Mestre convidou os demais Mestres para ajudarem com o batismo dos pequenos com todos na roda.

Dando continuidade na programação, em seguida foi à vez dos alunos da categoria infantil. Estes já mais astutos para o jogo da capoeira, procederam com sua troca de graduação jogando individualmente com um Mestre, Contramestre ou Professor, assim como os demais alunos.

Antes do último grupo ser chamado para sua troca de graduação, o Mestre destacou que neste ano, o evento Vem Jogar + Eu estava entrando na sua 10ª edição, e justamente estes alunos que seriam chamados a seguir, eram os precursores e o grande incentivo desta caminhada de 10 anos deste trabalho. Pois segundo o Mestre, em um dado momento ele havia desistido de dar aula para adolescentes e adultos, porém, alunos do colégio chegaram para ele em uma de suas aulas de educação física e perguntaram se ele daria aula de capoeira para eles. Ele disse que não dava mais aula para alunos da faixa etária deles, mas os mesmos voltaram a insistir, e assim, ele lançou um desafia que pensava que eles não conseguiriam fazer, reunir uma lista com o mínimo de 15 interessados em ter aulas de capoeira. Pouco tempo depois os alunos voltaram com uma lista de 20 nomes, e ele não pode recusar. E foi assim, graças a estes jovens que esse trabalho chega nesta edição.

Infelizmente por problemas de saúde que impediram um desses jovens de se dedicar adequadamente a capoeira como os demais alunos neste último ano, um deles não pode se graduar, porém, contou com o reconhecimento do Mestre e dos amigos nesta jornada que ainda tem uma longa estrada a ser percorrida.

E assim é a capoeira, cada graduação é um ciclo a ser percorrido, cada graduação é uma fase de amadurecimento, uma etapa de aprendizado que vai muito além de apenas dar umas pernadas na roda, a capoeira é uma mistura de luta, cultura, musicalidade, filosofia, arte, educação e dedicação, poderíamos dar até mais adjetivos, pois a capoeira é plural, e um bom capoeirista é aquele que entende essa pluralidade e o seu tempo.

Parabéns ao Mestre Coelho e a Monitora Cobrinha pelo belo trabalho com esses jovens.
Parabéns a família Nativos da Serra por sempre nos recepcionar de braços abertos.
Parabéns ao Mestre Caroço pela direção deste grupo, desta família que vive a capoeira em todos os sentidos.

Salve a Capoeiragem!

Veja aqui o álbum de fotos!

Fotos e texto: Jefferson Estanislau
#VemJogarCapoeira