O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) avaliou a inscrição do sítio arqueológico na 41ª reunião anual da organização, que aconteceu neste domingo (9), em Cracóvia, na Polônia.

Inaugurado em 1811, o cais foi o principal ponto de desembarque de escravos africanos nas três Américas.

O Brasil recebeu cerca de quatro milhões de escravos em mais de trezentos anos, o que equivale a 40% de todos os africanos que chegaram vivos nas Américas entre os séculos 16 e 19. Destes, aproximadamente 60% entraram pelo Rio de Janeiro, sendo que cerca de um milhão deles pelo Cais do Valongo.

Em 1911, o Cais do Valongo foi aterrado e redescoberto 100 anos depois, durante as obras para a Olimpíada do Rio.

"A cidade do Rio é importantíssima na constituição da cultura brasileira, com sua mistura e diversidade", disse o secretário de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, Indio da Costa.

Arqueólogos do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), órgão vinculado à SMUIH e presidido por Augusto Ivan, estão fazendo o levantamento dos, aproximadamente, 500 mil itens que foram encontrados nos locais durante as intervenções. As peças, que incluem adornos, objetos, amuletos e ossadas, estão na Vila Olímpica da Gamboa.

O Sítio Arqueológico do Cais do Valongo é considerado o mais importante vestígio material, fora da África, do tráfico atlântico de africanos escravizados, expressando material e simbolicamente um local que representa um registro da ação criminosa contra a humanidade.

O Cais do Valongo agora está no mesmo patamar da cidade de Hiroshima, no Japão, e do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, classificados como locais de memória e sofrimento.