O INÍCIO DA ESCRAVIDÃO

A história da capoeira começa no século XVI, quando o Brasil era colônia de Portugal. Nesta época ainda não haviam encontrado riquezas minerais em terras brasileiras e na falta dos metais preciosos foi o açúcar, através das fazendas de engenho que tornou viável, em termos econômicos, os primeiros passos da colonização.

Se a terra era um fator abundante, o mesmo não acontecia com os equipamentos necessários à montagem de engenhos, que exigiam grandes investimentos, além de ser necessária mão de obra para plantar, cuidar e colher a cana de açúcar. Os portugueses consideravam muito caro trazer outros portugueses da Europa para o Brasil e ainda ter que pagar salários a eles. Sendo assim, viram a escravidão como uma solução viável para gerar lucro na colônia brasileira.

Desta forma, eles buscaram mão de obra local e escravizaram os índios, mas eles eram acostumados à caça, a pesca e a coleta de frutos, sem o esforço do plantio, demonstrando assim pouca habilidade para cuidar das plantações. Quando fugiam, por conhecerem as matas, não eram encontrados, dando muito trabalho e prejuízo para os senhores de engenho. Além disso, a Igreja Católica, desde o início da colonização desenvolveu uma política de proteção e controle dos Índios, lutando contra a sua escravidão. Assim, a tentativa de escravizar os índios não deu certo.

Como Portugal também possuía colônias na África, tendo o conhecimento de tribos que tinham muita habilidade em cuidar de plantações, viram aí uma nova chance de tentar a escravidão.

Desta vez, eles planejaram uma nova abordagem, visto que a tentativa com os índios serviu para ensinar algo. Para dominar o negro, o português percebeu que deveria acabar com a autoestima deles, e isso começou dentro das próprias tribos. O português oferecia objetos, iguarias e armas para os chefes venderem parte do seu povo. Para o negro vendido, isso era humilhante. Somando a separação de seus familiares, submetê-los a maus tratos durante a viagem que durava 3 meses a base de pancadas, chibatadas e açoites, e levando-os para uma terra desconhecida, faria o negro um ótimo escravo.

E assim, os escravos negros começaram a ser desembarcados no Brasil por volta de 1548 e, nos três séculos seguintes, seriam predominantemente do tronco linguístico banto, do qual faz parte a língua quimbundo. Esse grupo englobava Angolas, Benguelas, Moçambiques, Cabindas e Congos. Eram povos de pequenos reinos, com um razoável domínio de técnicas agrícolas, possuíam uma visão muito plástica e imaginosa da vida, e demonstraram ter grande capacidade de adaptação cultural.

Com o tempo os escravos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães do mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.

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