TRAJETÓRIA

Lá no pátio que ficava nos fundos tinha um grupo de garotos reunidos tocando berimbau e fazendo alguns golpes sem ter um mestre ou um professor para passar uma técnica mais apurada.

Com o passar de algum tempo começou a fazer parte do grupo meia lua, agora sim, já tinha um mestre para lhe passar um conhecimento mais aprofundado, Mestre Paulinho meia lua com quem o menino treinou por um bom tempo até um dos seus discípulos (Mestre Pavão) passar a ministrar aulas e o garoto passou a ser treinado e orientado por Mestre Pavão com quem treinou por alguns anos, chegando até o cordel amarelo. Nesta época seus pais começaram a perceber que o menino estava mesmo levando aquela brincadeira a sério, porém, eles ainda tinham uma visão ruim da capoeira, como sendo coisa de vadios e malandros.

Seu pai Francisco e sua mãe Conceição começaram a proibir ele de praticar a “coisa de malandro”, mas este empecilho muitas vezes era vencido da seguinte forma: como ele morava no primeiro andar do prédio colocava a calça de capoeira pendurada na janela e passava pelos seus pais na sala sem nada nas mãos dizendo que ia para rua ficar com os amigos, dava a volta por trás do prédio pegava a calça na janela e ia treinar.

Neste tempo o garoto já era um adolescente e tinha fome de capoeira frequentava muitas rodas como: Roda da Penha, Caxias, Largo do Bicão, entre outras. Daí então aprendeu a cantar a primeira música na roda “Era uma roda de capoeira, com muitos saltos meia lua e rasteira...” não sabia nem de quem era a cantiga e muito menos imaginava que no futuro se tornaria grande amigo do autor Mestre Martins.

Já adulto, queria dar vôos mais altos e procurava outros ideais. Por indicação do Mestre Nilo (UFRJ) pegou ônibus e atravessou a ponte Rio - Niterói desembarcando em Icaraí. Pronto, agora estava sobre os cuidados de seu grande mentor Mestre Bogado e saberia mais à frente que tinha encontrado sua segunda família a Associação de Capoeira Barravento um dos grupos mais tradicionais de todo o estado do Rio de Janeiro.

Alguns anos depois, recebeu o cordel azul de Mestre Bogado e passou a ser o professor Carlinhos. Além da graduação, recebeu também uma filial do Grupo Barravento, a Associação de Capoeira Raízes, desse momento pra frente começou a difundir o que tinha aprendido e correr atrás para ganhar mais conhecimento, ministrava aulas de capoeira e adquiriu grande conhecimento de danças folclóricas como: Jongo, Xaxado, Puxada da Rede, Maculelê e outras.

Em 1999 após ser aprovado na prova para contramestre e mestre da Federação de Capoeira Desportiva do Estado do Rio de Janeiro (FCDRJ), tornou-se contramestre, e no ano de 2002 em fim recebia das mãos do Mestre Bogado o cordel branco e verde (1° grau de mestre), e assim era formado o mestre Carlinhos.

Passando dez anos nesta graduação como manda o regulamento técnico da capoeira em 2012 foi agraciado com o cordel branco e amarelo (2° grau de mestre).

Nos vinte anos à frente da Associação de Capoeira Raízes o mestre sempre desenvolveu um trabalho de destaque, pois já treinou mais de mil alunos, dentre esses já formou dois mestres, três contramestres e quatro cordéis azul. Comandou o Grupo Raízes em vários campeonatos da FCDRJ obtendo diversos títulos, destacando-se o tricampeonato internacional na modalidade dupla e o campeonato da modalidade conjunto.

O Grupo Raízes esta a cerca de dez anos com sede no clube Casa de Viseu na Vila da penha e têm diversas filiais por escolas e outros clubes na zona norte.

Carlos Costa
Contramestre Cachaça